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Mitos sobre psiquiatria

Cerca de 20 a 25% da população irá precisar de algum tipo de cuidado de saúde mental ao longo da vida. Com essa estatística, ainda faz sentido ter vergonha ou preconceito em relação a procurar um psiquiatra?

Ainda hoje, algumas pessoas têm vergonha de procurar um psiquiatra, pelos mais diversos motivos, e é importante entender algumas coisa, de forma a evitar esse tipo de preconceito:

 

O psiquiatra é um profissional médico, que após a sua graduação passa por mais 3 anos de estudos e treinamento na residência médica, de forma a se tornar especialista em uma série de problemas e doenças, como os quadros de depressão, distimia, ansiedade generalizada, ansiedade social, transtorno de pânico, transtorno bipolar, transtorno obsessivo-compulsivo, esquizofrenia, TDAH, entre vários outros problemas.

 

A psiquiatria é uma ciência cada vez mais respaldada por pesquisas, protocolos e contribuições das várias áreas de conhecimento, debates filosóficos e um comprometimento muito forte com a defesa do bem-estar do ser humano e a ética. Ela é muito estudada, em todas as suas áreas, com uma grande quantidade de estudos, pesquisas e atualizações todos os meses, da mesma forma que as outras áreas da medicina, como a cardiologia ou a hematologia.

 

Pessoas de todos os tipos, independente de origem, classe social, profissão, religião ou quaisquer outras características procuram e se beneficiam de tratamento psiquiátrico para as mais diversas patologias. E isso faz com que não tenha muito sentido ter preconceito contra quem procura um psiquiatra, do mesmo jeito que não tem sentido ter preconceito contra diabéticos e hipertensos.

 

Cerca de 20 a 25% da população irá precisar de algum tratamento de saúde mental ao longo da vida, e assim como ao sentir dor no peito não faz sentido deixar de procurar um pronto socorro clínico ou de cardiologia, não faz sentido se privar de procurar um atendimento de saúde mental quando se enfrenta alguma dificuldade nessa área.

Abaixo, tem um vídeo de que gosto bastante, e que fala de alguns preconceitos e explicações sobre a psiquiatria. Se chama "Barbas & Gravatas borboletas".

Além dos mitos com relação à psiquiatria, existem também uma série de ideias erradas e preconceitos em relação ao uso de um medicamento como parte de um tratamento. Por isso mesmo, sempre que prescrevo uma medicação para alguém, procuro gastar alguns minutinhos tentando entender quais são exatamente as ideias do paciente a respeito de se tratar e usar medicações.

 

Gosto de fazer isso porque um dos grandes motivos para as falhas de tratamento e conseqüências mais graves de doenças em todas as áreas da medicina é exatamente a “falha de adesão”, e isso vale para qualquer doença que tenha um tratamento mais prolongado, e em especial para tratamentos psiquiátricos. Aqui vão alguns mitos:

O mito da bengala: “A medicação é uma bengala para superar algo que você deveria resolver sozinho”.

 

A verdade: Assim como você não tem culpa de ter miopia ou uma alergia, você também não tem culpa de ter um problema psiquiátrico, e procurar ajuda e se tratar não é um demérito ou um defeito. Muito pelo contrário, entender que algo não está bem, compreender o problema e buscar uma alternativa de solução é exatamente como se resolve o que não está bom.

O mito do robô: “Tomando medicações psiquiátricas você vai virar um robô e mudar sua personalidade", ou "dormir o dia inteiro".

 

A verdade: As medicações têm funções muito específicas e servem para tratar doenças e sintomas específicos. Há algumas décadas o tratamento de algumas doenças, como a esquizofrenia, era feito com medicações que causavam certa lentificação, sonolência e alterações de movimento, e talvez esse tipo de tratamento seja uma das fontes desse mito. Hoje existem opções seguras e com poucos ou nenhum efeito colateral para praticamente todos os transtornos psiquiátricos.

O mito do vício: “Você vai ficar viciado, que nem com maconha / cocaína / álcool”, e vai ter que usar remédios para sempre.

 

A realidade: Algumas medicações psiquiátricas podem sim causar dependência. Ao contrário do que muita gente pensa, essas são um grupo bem pequeno de medicações e que não respondem, nem pela maioria, e nem pela parte mais importante dos medicamentos psiquiátricos.

 

Além dessas medicações serem um grupo pequeno, geralmente a dependência acontece quando elas não são usadas da forma como foram indicadas, sendo usadas por mais tempo ou de maneira diferente do que foi orientado, e sem acompanhamento adequado.

Além desses mitos, existe um importante, que é fruto do próprio desamparo e da sensação de profunda desesperança que muitas vezes abate quem sofre com alguma dificuldade emocional: A ideia do "Ninguém pode me ajudar".

 

Se nos focarmos no que pensamos quando não estamos bem ("Eu estou muito mal. Ninguém no mundo poderia me ajudar") ou em conclusões a partir das nossas próprias experiências ("Nunca passei por nada pior, logo, ninguém pode me ajudar"), podemos ter reforçada a ideia de desamparo, de desesperança, e até mesmo chegar a desistir antes de tentar. É importante entender que esses pensamentos podem ser uma parte de uma doença mais grave, como um quadro de depressão, por exemplo, que afeta a forma como nos sentimos, como pensamos e como agimos de forma profunda.

 

Vale a pena, por fim, entender que existem muitas pessoas que estudam e se especializam em dificuldades emocionais e comportamentais, e talvez as sensações que você nunca sentiu e que te desamparam, podem ser exatamente algo que já foi estudado e que é o tema de trabalho dessas pessoas.

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